A cirurgia de prostatectomia radical e o câncer de próstata

imagem com os dizeres prostate cancer para simbolizar uma prostatectomia radical

A cirurgia de prostatectomia radical consiste na remoção de toda a próstata e das vesículas seminais. Este procedimento é um dos tratamentos mais tradicionais indicados no caso do câncer de próstata.

Neste artigo, você vai entender quando a cirurgia é indicada e como funciona esse procedimento. Siga a leitura e confira!

O que é prostatectomia radical e quais são os tipos de cirurgia?

A cirurgia de prostatectomia radical é a melhor opção de tratamento para o câncer de próstata, principalmente em casos localizados ou localmente avançados. Em casos onde já existam metástases à distância, a cirurgia de retirada do órgão ainda é objeto de pesquisa.

Com o objetivo de retirar a próstata, remove-se toda a glândula prostática e ambas as vesículas seminais durante o procedimento, assim como todo o tecido adjacente afetado pelo tumor.


Após a retirada da glândula e das vesículas seminais, o cirurgião realiza a anastomose do colo vesical (porção mais afunilada da bexiga) com a uretra, restabelecendo o fluxo urinário. Esta parte da cirurgia é bastante delicada e irá influenciar diretamente na recuperação pós-operatória imediata do paciente.

Existem três diferentes formas de abordagem para a prostatectomia radical, aqui citadas conforme sua origem histórica: a prostatectomia radical aberta, a prostatectomia radical videolaparoscópica e a prostatectomia radical videolaparoscópica robô-assistida.

Para todas as opções de tratamento, necessita-se cumprir um adequado preparo para o procedimento. 

Faz-se necessária uma consulta pré-operatória ou com o clínico de confiança do paciente ou com o anestesista – que estará presente na sala cirúrgica. Nesta consulta, realiza-se a revisão de todos os sistemas, como cardíaco, pulmonar, metabólico e renal. 

Também se indaga como o paciente reagiu em outros procedimentos cirúrgicos, se ele tem alergias ou condições especiais. Caso tenhamos pacientes em condições não ótimas para a cirurgia, normalmente se indica outras formas de tratamento – tais como radioterapia ou braquiterapia. 

Saiba mais sobre os diferentes tipos de cirurgia:

Prostatectomia Radical Aberta


Na prostatectomia radical aberta busca-se, nessa ordem, três aspectos: controle do câncer; preservação do controle miccional e, por fim, preservação da função sexual. 

Através de uma pequena incisão, que pode ser no sentido entre a cicatriz umbilical e o púbis (longitudinal) ou no sentido paralelo e logo acima ao púbis (transversal), o cirurgião irá afastar as estruturas envoltas pelo peritônio e acessar o chamado espaço de Retzius, logo atrás do osso púbis, onde está situada a próstata. Este será o campo cirúrgico. 

Vale ressaltar também que muitos cirurgiões se utilizam de lentes de magnificação que expandem o poder de visualização, facilitando a separação dos tecidos e a preservação das estruturas que não devem ser lesadas.

Prostatectomia Radical Videolaparoscópica

A primeira prostatectomia radical videolaparoscópica bem sucedida foi realizada em 1997. Ela buscou trazer as vantagens da cirurgia videolaparoscópica (melhor visualização do campo cirúrgico pela magnificação da imagem, menor tempo de internação e retorno mais precoce às atividades, incisões menores, menor dor no pós-operatório, menor índice de hérnias incisionais ou fraquezas musculares nas incisões) para a retirada da próstata. 

Entretanto, o que se verificou foi uma elevada curva de aprendizado, ou seja, eram necessários muitos casos para que o cirurgião estivesse realmente qualificado para uma boa cirurgia. 

Trata-se de uma cirurgia que é desafiadora, tecnicamente falando. Outro aspecto importante foi que os resultados obtidos com a prostatectomia laparoscópica, do ponto de vista de controle oncológico, controle miccional e preservação da função sexual, não foram diferentes da consagrada técnica aberta. Sendo assim, apenas em grandes centros médicos é que esta opção encontrou solo fértil. 

Prostatectomia Radical Videolaparoscópica Robô-assistida



A situação começou a mudar para a técnica videolaparoscópica quando avanços no instrumental cirúrgico, na qualidade das óticas e do material de imagem digital se associaram às evoluções da computação e da robótica e uma nova era na cirurgia começou: a era da cirurgia minimamente invasiva assistida por robô. 

Com o desenvolvimento do Sistema de Cirurgia da Vinci (feito pela Intuitive Surgical, EUA), as principais dificuldades que existiam na abordagem videolaparoscópicas foram sendo paulatinamente superadas. 

Devido aos amplos movimentos que os braços dos robôs fazem, tarefas como a dissecção de tecidos em cavidades ou a confecção de boas anastomoses entre a bexiga e a uretra foram ganhando em qualidade. 

Nos Estados Unidos esta já é a principal opção para a prostatectomia, enquanto que no Brasil estamos observando um exponencial crescimento tanto no número de consoles como no número de urologistas habilitados a operar esta avançada máquina. 

Embora os resultados, do ponto de vista de controle oncológico, controle miccional e preservação da função sexual, não foram diferentes da técnica aberta ou da técnica laparoscópica convencional, é sabido que esta técnica apresenta menos dor, retorno mais rápido às atividades, menos sangramento e necessidade de transfusões, menos tempo de uso de sonda vesical no pós-operatório, entre outros benefícios. 

Também deve-se ressaltar que esta técnica é a de eleição para casos de prostatectomia de salvamento, ou seja, quando o paciente opta inicialmente por radioterapia mas, com o passar do tempo, a doença volta a se manifestar e necessitamos propor mais uma forma de terapia.

Quando a cirurgia de prostatectomia radical é indicada? 

Os pacientes diagnosticados com câncer de próstata podem ser indicados a três modalidades de tratamento diferentes: cirurgia, radioterapia ou vigilância ativa, dependendo de cada caso específico. 

A decisão sobre qual será a melhor opção para cada caso vai depender de diferentes fatores como biópsia, exames de imagem ou testes genéticos, além da preferência e expectativa do paciente.

A prostatectomia radical não é indicada para todos os homens com câncer de próstata. Ela é a opção de escolha quando o tumor é localizado ou localmente avançado, ou seja, quando o câncer não invadiu órgãos vizinhos e não apresenta metástases à distância.

A cirurgia é indicada para pacientes com expectativa de vida acima de 10 a 15 anos ou que tenham menos de 65 anos, pois acima dessa idade a probabilidade de óbito por outra causa aumenta consideravelmente, e a probabilidade de óbito por câncer de próstata diminui consideravelmente, já que na maioria das vezes essa é uma doença não tão agressiva.

É importante ressaltar que a idade não é o único fator levado em conta para decidir sobre a realização da cirurgia. Outras doenças do paciente também são muito importantes neste sentido, pois também podem ter impacto sobre a expectativa de vida. 

Por exemplo, um homem de 60 anos com histórico de infarto do miocárdio, diabetes descompensada e hipertensão arterial tem uma expectativa de vida menor do que a de um homem de 70 anos sem nenhuma doença. No primeiro paciente, a cirurgia talvez traga pouco benefício, pois as chances de óbito por outras causas são elevadas. 

Em contrapartida, no segundo paciente, apesar da idade, a expectativa de vida é elevada, e a cirurgia, se o tumor for mais agressivo, pode eliminar a maior ameaça nos próximos 10 a 15 anos, pois este paciente não apresenta outro problema de saúde mais ameaçador. Os pacientes também devem estar aptos à anestesia geral.


Quais as eventuais complicações da prostatectomia radical?

A cirurgia é uma das estratégias mais tradicionais para o tratamento do câncer de próstata. Porém, é importante que ela seja decidida em conjunto com um médico, que avaliará cada caso em particular. 

É fundamental repassar, junto ao paciente, todas as eventuais complicações ou condições que cada uma das opções de prostatectomia possam causar, tanto durante a cirurgia como após o procedimento. 

Todas as opções de tratamento (inclusive radioterapia), sem exceção, podem afetar a vida sexual do paciente através da eventual perda de capacidade de ereção (que pode ser parcial ou total), e diminuir a capacidade de contenção miccional (ou seja, o paciente pode ficar perdendo urina). 

O paciente também pode acabar precisando de terapias complementares para a cura (ou controle da doença) caso esta volte a ficar ativa, em algum momento futuro.

Para maiores informações sobre a cirurgia de prostatectomia radical e esclarecimentos sobre câncer de próstata, acesse nosso blog e entre em contato com o Dr. João Pedro Bueno Telles, urologista que realiza atendimento em Porto Alegre. Agende sua consulta!