A Prostatectomia Radical e a cirurgia robótica na medicina

Prostatectomia “humana” ou por robô: um empate – ao menos por enquanto

É da natureza humana buscarmos a evolução. Também é característica nossa visarmos sempre o melhor, tanto para nós como para nossa família. Quando pesquisadores apresentaram a prostatectomia radical laparoscópica robô-assistida – tratamento do câncer de próstata através da cirurgia auxiliada por um robô – a comunidade de urologistas vislumbrou o futuro. Rapidamente, em locais que podiam contar com recursos financeiros elevados (pois trata-se de uma opção terapêutica bastante dispendiosa), houve a mudança da técnica aberta para a robô-assistida. Atualmente, cerca de 90% das prostatectomias radicais, realizadas nos Estados Unidos e na Europa, são realizadas com o auxílio da máquina.

Entretanto, nenhum estudo científico havia sido realizado comparando as duas técnicas de forma prospectiva e consecutiva. Apesar de custos extremamente elevados, a maioria dos médicos assumia que a cirurgia robô-assistida traria melhores resultados que a técnica convencional (prostatectomia aberta), tanto em curto como em longo prazo.

Pois ontem foi publicado on-line no The Lancet, uma das mais respeitadas publicações dentro da medicina, o primeiro estudo que comparou prostatectomia laparoscópica robô-assistida e prostatectomia retropúbica radical aberta. E os achados, analisando diversos quesitos, foram similares após 6 e 12 semanas de tratamento.

Os investigadores incluíram 326 homens, com idades entre 35 e 70 anos, com diagnóstico recente de câncer de próstata – tumores iniciais, sem sinais de avanço da doença – que optaram por tratamento cirúrgico. Todos os pacientes deviam apresentar expectativa de vida de 10 anos ou mais para serem aceitos no estudo. De forma aleatória, os pacientes foram divididos em dois grupos. Ao término, 122 pacientes foram tratados com prostatectomia aberta e 131 com prostatectomia laparoscópica robô-assistida.

Todos os pacientes responderam questionários sobre aspectos da função urinária e sexual (funções que mais podem ser afetadas pelo tratamento do câncer de próstata), passadas 6 e 12 semanas do tratamento. Também foram analisados os resultados oncológicos iniciais, ou seja, os níveis de retirada completa do tumor sem a presença de margens cirúrgicas positivas.

Não houve nenhuma diferença, estatisticamente significativa, entre os grupos analisados – tanto em relação às funções urinária e sexual quanto em relação ao resultados oncológico inicial, passadas 12 semanas. O estudo prosseguirá por vários anos, analisando estes parâmetros como outros, mais identificáveis no longo prazo, como recidiva da doença, necessidade de tratamentos complementares, mortalidade específica pelo tumor e sobrevida global.

O que esse estudo nos sugere, ao menos até o momento, é que o paciente com câncer de próstata deve escolher um urologista experiente no tratamento do câncer de próstata, que realize vários procedimentos por ano – independente da técnica a ser empregada.